10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho
Elif Shafak
RESENHA

10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho não é apenas uma leitura; é uma imersão profunda no ritmo pulsante da existência, onde cada segundo se prolonga em um universo de memórias que se entrelaçam e contaminam a realidade. A obra de Elif Shafak é uma ode à condição humana, repleta de compaixão e uma sensibilidade que corta como uma lâmina afiada em um mar de sentimentos.
O livro se desenrola a partir do momento após a morte de Tequila Leila, uma mulher que, mesmo após sua partida, continua a viver em 10 minutos e 38 segundos de lembranças. É um exercício exacerbadamente íntimo, uma viagem ao âmago da vida e da amizade. A narrativa transcende o mero relato e se transforma em um manifesto sobre a marginalização, a busca por identidade e as nuances das relações humanas. Ao lado de cada fragmento de vida que Tequila recorda, somos confrontados com questões de gênero, cultura e pertencimento.
Os personagens que compõem a tapeçaria da vida de Tequila - seus amigos, amores e até inimigos - são mais do que figuras passivas; eles pulsão com a crueza da realidade. Através de suas histórias, Shafak nos força a revisitar as fragilidades e os laços que moldam quem somos. O ambiente multicultural de Istambul ensina que a vida é feita de múltiplas identidades, cada uma carregando seu próprio fardo, seu próprio brilho.
Os leitores estão se apaixonando por essa narrativa vívida, mas não sem controvérsias. Algumas críticas questionam se o estilo fragmentado da escrita pode distrair o leitor mais tradicional. Afinal, não são todos aficionados por uma jornada não linear. Contudo, é precisamente essa estrutura que captura a verdadeira essência do tempo, refletindo como as memórias, por mais caóticas que sejam, se entrelaçam para criar a tapeçaria da vida.
O contexto da obra é irremediavelmente poderoso. Publicado durante um período em que questões como os direitos humanos e o feminismo fervilhavam no mundo, Shafak, com seu olhar crítico e ousado, posiciona suas personagens em um plano onde suas histórias não apenas importam, mas ressoam. Tequila e seus companheiros representam vozes que historicamente foram silenciadas. Essa é uma leitura que não apenas informa; ela desafia a sua forma de olhar o mundo.
Os comentários dos leitores são uma montanha-russa emocional. Uns se sentem tocados pelo retrato de amizade e amor; outros, intrigados pelas críticas sociais. Não há necessidade de colocar um rótulo no livro, pois ele se insiste por si só como um convite à reflexão. A transformação que 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho provoca é palpável e, com certeza, vai ecoar em sua mente muito tempo depois da última página.
Ao final, Shafak não entrega respostas fáceis, mas ao invés disso, nos deixa uma pergunta inquietante: como as memórias moldam quem somos e como vivemos em um mundo tão complexamente estranho? Se você ainda não mergulhou nas profundezas dessa narrativa, a urgência de fazê-lo nunca foi tão alta. A ideia de unidade na diversidade espalha sua mensagem vibrante, e você, leitor, está prestes a experimentar uma das leituras mais impactantes dos últimos anos. 🌍✨️
📖 10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho
✍ by Elif Shafak
🧾 389 páginas
2021
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