A Decomposição dos Defuntos
Gonçalo B. de Sousa
RESENHA

A Decomposição dos Defuntos, de Gonçalo B. de Sousa, é uma obra que transita entre o grotesco e o poético, desafiando as barreiras do que consideramos aceitável na literatura. Em apenas 27 páginas, o autor não apenas escreve, mas provoca, desnudando a verdade oculta sob a pele da morte e da condição humana. Se você acha que o tema da morte é algo a ser tratado com delicadeza, se engana. Aqui, o confronto é direto, quase brutal, onde cada palavra é um punhal que corta a carne das convenções sociais.
Você se vê jogado em um universo que não faz questão de suavizar a realidade. A decomposição, neste contexto, não é só uma questão física, mas uma metáfora poderosa para a fragilidade das relações e a efemeridade da existência. Gonçalo B. de Sousa não é apenas um autor. Ele é um arqueólogo emocional, escavando o que restou das interações humanas em um mundo que parece ter se esquecido da compaixão e da solidariedade.
Os comentários de leitores sobre a obra são um reflexo dessa dualidade: alguns exaltam a audácia e a profundidade, enquanto outros a criticam, considerando-a demasiado crua ou obscura. Mas, sejamos francos: uma reflexão sobre a morte não deve ser uma travessura de parque, mas uma viagem intensa pelo abismo da alma. É nesse espaço de contrastes que A Decomposição dos Defuntos ganha vida.
O autor, com uma prosa incisiva e poética, nos obriga a conectar as pontas soltas entre a vida e a morte, a esperança e a desilusão. Ele nos forja um espelho, onde vemos não apenas o que somos, mas o que poderíamos ter sido. Em um mundo marcado por desilusões, a obra gira em torno do valor intrínseco de cada ser humano. Ao abordá-la, fica evidente que Gonçalo quer que nós, leitores, não apenas lemos, mas sentimos cada palavra, cada silêncio e cada grito.
Neste cenário, o feedback de leitores ampara a ideia de que a literatura não deve nos confortar, mas, sim, nos instigar a uma reflexão profunda e dolorosa. Há um clamor por mudança, um desejo de não apenas entender a morte, mas de desbravar um caminho de resiliência. Não se trata de uma leitura leve, mas de uma convocação para nos reencontrarmos com nossas próprias fragilidades e medos.
Portanto, não se engane: a proposta de Gonçalo B. de Sousa está longe de ser uma simples decomposição. É um chamado à vida, uma responsabilidade que nos é imposta. Ao final dessa leitura, você se verá confrontado com sua própria mortalidade e, talvez, descobrirá que há uma beleza sutil na vulnerabilidade e na desesperança. Essas páginas sussurram, e ao mesmo tempo gritam, um convite ao autoconhecimento e à empatia.
Se você ainda hesita em mergulhar nesse abismo emocional, lembre-se: cada momento em que adiamos o confronto com a morte, também adiamos o verdadeiro entendimento da vida. Portanto, abrace a coragem, encare A Decomposição dos Defuntos e permita que Gonçalo B. de Sousa desafie todas as suas concepções sobre a existência. Os defuntos não estão apenas na narrativa; eles são um lembrete visceral do que é ser humano. 🌌
📖 A Decomposição dos Defuntos
✍ by Gonçalo B. de Sousa
🧾 27 páginas
2017
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