A paz das senzalas
Famílias escravas e tráfico atlântico c.1790- c.1850
Manolo Florentino; José Roberto Goes
RESENHA

A paz das senzalas: Famílias escravas e tráfico atlântico c.1790- c.1850 é uma obra que tem o poder de esmiuçar as entranhas de uma realidade que poucos se atrevem a olhar de frente. O livro, escrito por Manolo Florentino e José Roberto Goes, nos mergulha em um oceano de desumanização, resistência e complexidade social, refletindo sobre o cotidiano das famílias escravas à luz do tráfico atlântico.
Ao folhear seus capítulos, você se vê transportado para um período que se estende de 1790 a 1850, onde, entre as senzalas, a vida pulsava de formas impensáveis. Os autores não se restringem a narrar a dor; eles revelam uma tapeçaria rica de relações familiares que, apesar da opressão, cultivavam laços profundos e um espírito de luta inquebrantável. Cada página revela o milagre da vida renascendo nas rachaduras do sofrimento - um tributo à força indomável do ser humano.
As massas de africanos sequestrados e trazidos para as Américas não eram apenas corpos em cativeiro; eram mães, pais, crianças e avós, lutando para manter suas identidades em um sistema cruel que buscava desumanizá-los. Os relatos falaciosos que muitas vezes permeiam a história da escravidão são desconstruídos aqui. Os autores apresentam uma narrativa que é ao mesmo tempo crítica e profunda, trazendo à tona a importância das dinâmicas familiares, que desempenharam um papel crucial na resistência e nas formas de resistência cultural.
E os comentários dos leitores também demonstram essa conexão. Muitos destacam a capacidade do texto em transformar o sofrimento em um chamado à reflexão. "Uma leitura necessária", dizem alguns; "a coragem de expor a verdade", comentam outros. É notável como A paz das senzalas não apenas narra fatos, mas também provoca emoções intensas - uma dúvida existencial sobre o que é ser humano em tempos de crueldade.
Contextualizando a obra, não podemos esquecer do impacto do tráfico de escravos na formação da sociedade brasileira. O tráfico era um componente vital da economia colonial, mas também uma das maiores tragédias da história humana. As vozes das pessoas escravizadas, frequentemente silenciadas, ganham força através dos relatos presentes na obra. Ao trazê-las à tona, Florentino e Goes não apenas prestam homenagem, mas também oferecem um recurso valioso para a compreensão de nossa história coletiva.
Ao final, este livro se revela um farol de conhecimento em meio à escuridão do esquecimento. Ele desafia você a encarar as realidades do passado e a reconsiderar a herança que ainda ecoa em nosso presente. A dor e a resistência que permeiam A paz das senzalas fazem dele um convite irresistível à reflexão. Ao sair da sua leitura, você não será o mesmo; estará armado com uma nova compreensão das complexidades que moldam nossas vidas hoje. 📚
📖 A paz das senzalas: Famílias escravas e tráfico atlântico c.1790- c.1850
✍ by Manolo Florentino; José Roberto Goes
🧾 211 páginas
2017
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