Aisthesis
Cenas do regime estético da arte
Jacques Rancière
RESENHA

A arte, esse enigma fascinante que nos envolve e nos faz questionar o que realmente vemos ou sentimos, ganha um novo olhar nas páginas de Aisthesis: cenas do regime estético da arte. Jacques Rancière, um dos pensadores mais provocativos da contemporaneidade, destrincha o regime estético que molda a nossa percepção artística, revelando os mecanismos invisíveis que determinam o que consideramos como belo e digno de ser visto. 🌌
Meramente ler Rancière é um convite à subversão do cotidiano. Ele desafia a ideia de que a arte deve se encaixar em paradigmas preestabelecidos. Aqui, a estética se transforma em um território de disputa, um campo de batalha onde o senso crítico deve ser alimentado e alimenta a consciência. O autor nos urde em sua escrita incisiva que vai além do óbvio, levando-nos a refletir sobre a política da estética e o poder subjacente nas imagens que nos cercam. As palavras dele pulsando em você como uma revolução silenciosa.
Os comentários e críticas em relação a esta obra são diversificados e intensos. Enquanto alguns leitores saúdam a abordagem ousada de Rancière em abordar o conceito de estética como uma força democratizadora, outros não hesitam em apontar a complexidade de sua linguagem como um entrave à compreensão. No entanto, essa fricção é quase desejável; o atrito entre as opiniões é um sinal de que as ideias de Rancière realmente provocam. Ele não é um escritor que nos entrega respostas fáceis - ele nos força a suar, a pensar, a explorar camadas ocultas da percepção estética e suas implicações sociais.
Nesse contexto, as "cenas" do título assumem uma relevância desmedida. Elas não são meros fragmentos da arte; são janelas abertas para o entendimento da nossa realidade. Rancière faz o leitor mergulhar em um universo onde o que está em jogo não é apenas uma apreciação um tanto elitista, mas uma análise profunda do potencial revelador da arte. A experiência estética, para ele, é um ato de resistência, uma forma de questionar a hierarquia social e os poderes que a cerceiam. 🌍
Ainda mais fascinante é a ligação que a obra estabelece com momentos históricos crucialmente vibrantes, onde a arte se colocou como um agente transformador. Pense no impacto das vanguardas do século XX, como o Dadaísmo ou Surrealismo, que não apenas contestaram a estética tradicional, mas também desafiaram a ordem política vigente de seu tempo. Assim, Rancière se insere em uma longa tradição de pensadores que vêem na arte não apenas uma atividade estética, mas uma poderosa forma de ação política. 🖌
Este livro não é um mero ensaio acadêmico; é uma experiência visceral que irá gerar em você uma incessante vontade de questionar o que está diante de seus olhos. Ao final da leitura, você provavelmente estará mais atento às nuances da arte ao seu redor, percebendo que cada imagem carrega consigo uma carga política e social, uma narrativa que ultrapassa a superfície. Aisthesis é uma convocação à inquietação, um lembrete de que a arte deve nos agitar, nos provocar e nos levar a espaços de transformação. Não se trata apenas de observar, mas de participar ativamente da cena estética.
Então, se você busca não apenas um entendimento, mas uma imersão na filosofia da arte, Rancière te aguarda em cada página desta obra. E a pergunta aí é: você está preparado para essa revolução estética?
📖 Aisthesis: cenas do regime estético da arte
✍ by Jacques Rancière
🧾 304 páginas
2021
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