Bartleby, O Escrivão
Herman Melville
RESENHA

Bartleby, O Escrivão é uma obra que não apenas conta a história de um escrivão que recusa o que lhe é imposto, mas que explora a complexidade do ser humano frente à sociedade e suas expectativas. Através da figura enigmática de Bartleby, Herman Melville nos provoca a refletir sobre a conformidade que nos aprisiona e as barreiras invisíveis que enfrentamos diariamente.
No coração dessa narrativa, encontramos um advogado que se vê diante de um funcionário que, de maneira abrupta e peculiar, diz "prefiro não fazer". Essa frase, que ecoa ao longo da obra, transforma-se em um mantra que desarma qualquer tentativa de controle. Aqui, é fundamental que você entenda: Bartleby não é apenas um homem, mas um reflexo do desencanto da sociedade moderna. Esse eco de resistência é um convite para que você questione sua própria realidade, suas obrigações e os limites que os outros impõem a você.
O ambiente em que a história se desenrola, em Wall Street, durante o século XIX, não é meramente um cenário, mas um personagem por si só - representando a ambição, a avareza e a desumanização do trabalho repetitivo. Melville, um crítico mordaz do capitalismo emergente, utiliza Bartleby como uma ferramenta de questionamento. O que significa ser um trabalhador nesse contexto? Qual o custo da recusa? Esses questionamentos reverberam até os dias de hoje, fazendo você refletir sobre seu próprio papel na engrenagem social.
As opiniões dos leitores são tão diversas quanto a narrativa é rica. Muitos se identificam com a dor e o desamparo de Bartleby, sentindo que sua resistência é um grito abafado contra a opressão do cotidiano. Outros, no entanto, apontam sua apatia como um belo exemplo de irracionalidade. Aqui, a genialidade de Melville brilha: ele nos deixa sem respostas claras, nos forçando a confrontar nossas próprias crenças.
Não se pode esquecer do impacto duradouro que Bartleby teve em diversas áreas, de filósofos a artistas. A obra inspirou figuras como Franz Kafka e Albert Camus, que em seus próprios escritos abordaram o absurdo da condição humana. O desespero e a solidão que permeiam a história de Bartleby ecoam fortemente em toda a literatura moderna, mostrando que os gritos silenciosos de um homem podem ecoar infinitamente no tempo.
O ponto alto do texto de Melville não é apenas o seu enredo, mas a habilidade em criar um personagem multifacetado. Bartleby é solene e trágico, quase uma figura Cristo em sua recusa de participar do sistema, mas também é frustrante e incompreensível. Essa dualidade provoca em você, leitor, um turbilhão de emoções: a solidariedade pela sua situação, a revolta por sua passividade.
Ao final, Bartleby, O Escrivão não é apenas um convite a entender Bartleby; é um chamado para que você se questione sobre seu lugar no mundo. Você está disposto a ceder a pressões externas? Ou irá, como Bartleby, escolher a resistência? Esse livro é um duelo com suas próprias crenças e, em última análise, uma jornada emocional que não pode ser ignorada. O que você está disposto a abrir mão? Essa é a verdadeira reflexão que Melville deixa em sua narrativa pungente e incômoda.
📖 Bartleby, O Escrivão
✍ by Herman Melville
🧾 73 páginas
2022
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