Cabra Cega
Mônica de Aquino
RESENHA

Cabra Cega não é apenas uma leitura; é um convite a uma jornada sensorial, um passeio pelas emoções mais cruas e genuínas da infância. Mônica de Aquino constrói, em suas páginas concisas, um universo que ecoa na mente de quem se permite mergulhar na simplicidade de uma história que é, ao mesmo tempo, complexa e profunda.
São apenas 48 páginas, mas cada uma delas se transforma em uma tela onde as cores da braçadeira da vida se entrelaçam. Aqui, a autora utiliza a brincadeira da cabra cega como um símbolo poderoso, evocando não só a inocência dos jogos infantis, mas uma crítica sutil às amarras da sociedade que muitas vezes nos cega para a realidade ao nosso redor. Você não apenas lê; você vive cada momento, sente o toque e o cheiro do cotidiano que a autora tão habilidosamente pinta.
Os comentários dos leitores revelam a polaridade dessa obra de Mônica. Enquanto alguns exalam entusiasmo, destacando a profundidade e a capacidade de provocar reflexões sobre a infância e suas complexidades, outros criticam o que consideram um enfoque excessivamente simplista sobre temas sérios. É nessa dinamicidade que reside a força de Cabra Cega: ela não se limita a uma única interpretação, mas provoca um leque de reações que vai do riso à lágrima.
No enredo, a brincadeira se transforma em metáfora para o crescimento e os desafios da vida. A cabra, que aos olhos da criança é apenas um jogo, se revela como uma figura de resistência, simbolizando a luta da criança em um mundo muitas vezes cego para sua realidade. Cada capítulo se constrói em torno dessa reflexão, e o leitor é conduzido em um passeio que não se detém nas superficialidades. O que parece ser um livro para crianças é, na verdade, uma análise profunda das relações humanas e das experiências que moldam quem somos.
Aquino não apenas narra; ela transforma. Sua prosa é leve, mas cada frase é um golpe certeiro na consciência do leitor. Você se vê envolvido, quase como se estivesse ali, com a cabra vendada, tateando, buscando uma direção em meio ao caos. Essa é a beleza do texto: ele toca nas feridas abertas que todos carregamos, mas o faz com delicadeza, convidando à reflexão ao invés do julgamento.
O contexto em que Cabra Cega foi escrito também merece destaque. Publicado em um período onde o discurso público gira em torno do crescimento da infância e da urgência de resgatar os espaços de brincadeira e liberdade, a obra de Mônica se alinha a essa luta. A autora, com sua voz potente e sensível, dá vida a um manifesto sobre a importância da criança no mundo contemporâneo, uma abordagem que ecoa na experiência de leitores de todas as idades.
Se você ainda não se aventurou por Cabra Cega, está perdendo a chance de se deixar deslizar por uma narrativa que não é apenas leveza, mas um convite profundo à introspecção. A obra não promete soluções, mas nos força a olhar para nós mesmos, fazendo-nos questionar: afinal, o que realmente estamos vendo? 🚀 É uma oportunidade única para viver a literatura que transforma, que desafia e que, acima de tudo, resgata a essência da infância em toda a sua beleza e vulnerabilidade.
📖 Cabra Cega
✍ by Mônica de Aquino
🧾 48 páginas
2015
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