Capítulo dos chapéus
Machado de Assis
RESENHA

Capítulo dos chapéus não é apenas um conto; é um convite ao labirinto da mente humana, um jogo de espelhos em que cada reflexo revela a hipocrisia e a complexidade das relações sociais. Escrito por Machado de Assis, um dos gigantes da literatura brasileira, esta obra se destaca como um mergulho sutil em um universo onde os chapéus não são meros acessórios, mas metáforas da identidade e status de cada personagem. Ao se deparar com ele, você não consegue evitar a sensação de estar entrelaçado na trama, onde a ironia dança com a tragédia e o humor se entrelaça com a crítica social.
Neste conto, publicado em um contexto pós-abolição e durante a consolidação da classe média no Brasil, o autor leva o leitor a um passeio pelas ruas do Rio de Janeiro do século XIX. Aqui, os chapéus são símbolos que revelam mais do que elegância; eles carregam histórias, ambições e uma série de narrativas ocultas sob suas abas. Cada personagem que surge na história é portador de um chapéu que diz muito sobre quem ele é - ou quem ele pretende ser. E assim, à medida que você se deixa levar pela prosa magistral de Assis, começa a questionar: até que ponto nossa aparência molda a percepção dos outros sobre nós?
Os críticos e leitores têm opiniões diversas sobre "Capítulo dos chapéus". Para muitos, a prosa de Assis é um convite à reflexão, elevando o trivial ao extraordinário. Outros, no entanto, argumentam que sua ironia afiada pode desviar atenção do enredo, tornando a leitura um desafio. É isso que faz a obra tão fascinante: o descontentamento e a admiração coexistem em um delicado equilíbrio, levando a debates acalorados sobre a relevância da narrativa nos dias atuais.
As emoções que a leitura evoca são intensas. Você sente a frustração dos personagens em suas tentativas de se encaixar em um mundo que constantemente os julga pela aparência. Há uma certa melancolia nas entrelinhas, uma necessidade de pertencimento que ecoa nas relações contemporâneas, tornando a narrativa de Machado atemporal. E quem não se sente exposto sob a lupa da sociedade a partir de seus próprios "chapéus"?
Entre metáforas e subtextos, Assis nos leva a refletir sobre a nossa própria dualidade: quem somos de fato, em contraste com quem mostramos ser. As contribuições do autor para a literatura são imensuráveis, inspirando gerações de escritores e pensadores, como Guimarães Rosa e Clarice Lispector, que ressoam seu legado em suas próprias obras. Portanto, ao mergulhar em Capítulo dos chapéus, você não apenas se aprofunda em uma narrativa envolvente, mas também abraça um universo onde a sociedade e suas máscaras são reveladas em toda a sua complexidade.
Permita-se ser tocado pela maestria de Machado e, ao final, questione sua própria realidade. O que você esconde sob sua própria aba?
📖 Capítulo dos chapéus
✍ by Machado de Assis
2011
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