Coisa de rico
A vida dos endinheirados brasileiros
Michel Alcoforado
RESENHA

Você acha que sabe o que é ser rico no Brasil? Respira fundo. Coisa de Rico te puxa pela gola da camisa, te joga num salão silencioso de tapeçaria grossa e sussurra: ninguém aqui se diz rico - zero, nadinha - mas todos vivem treinando o olhar para não serem confundidos com o resto. E você, leitor, vai sentir o baque na carne. 💼💥
O salto sem rede: o que o livro revela
Michel Alcoforado abre portas que para mim - e para você - sempre pareceram blindadas. Ele nos apresenta ao casal emergente que aterrissa em Miami sem malas porque vai "comprar tudo", e à herdeira discreta que em Genebra domina a gramática do quiet luxury: seda que não grita, logos que não existem, pedigree que só os pares reconhecem. A antropologia vira lupa para decifrar o jogo da distinção: como se fala, onde se mora, o que se veste, a qual clube se pertence - cada gesto é um crachá social. 🎭🕶
E aqui vem a facada: enquanto o país inteiro discute "classe média para lá, classe média para cá", a pesquisa Oxfam/Datafolha já havia mostrado um espelho desconcertante - 0% dos entrevistados se declararam "ricos" no presente, embora muita gente se projete "rica" no futuro. A negação vira máscara; a régua sobe, o topo foge. Isso é Brasil em escala 1:1. 💥
O autor: o antropólogo que entrou no baile
Alcoforado não foi convidado; ele aprendeu a entrar. Passou quinze anos afiando a pesquisa, "virou" personagem - até com secretária falsa - e cruzou salões onde silêncio tem hierarquia e sobrenome pesa mais que ouro. Também refinou a tese no doutorado, trouxe seu know-how de antropologia do consumo e virou figura pública: colunista, palestrante, voz em rádio. O resultado não é fofoca: é etnografia com ironia, bisturi e timing. 🔎🔥
Por que isso importa agora
Você vive num país onde status é teatro de bolso. O palco muda, o script é antigo: as "coisas de rico" funcionam como passaportes. Não bastam cifras; é preciso dominar códigos que se provam no detalhe - a camisa certa, o silêncio certo, o sobrenome certo. Se parece cruel, é porque é. Se parece engraçado, é porque o riso aqui é navalha. 💸
E enquanto a elite afina o sotaque da discrição, o varejo editorial entrega um termômetro: o livro estreou no topo da lista Nielsen-PublishNews de Não Ficção (semana de 06/10/2025). Ou seja, o tema está quente, o incômodo é real - e o país inteiro quer espiar pelo buraco da fechadura. 🔥
O burburinho: leitores inflamados, prós e contras
Em números: na comunidade de leitores, Coisa de Rico aparece com média por volta de 4,2/5 (centenas de avaliações), o que sinaliza aprovação alta para um livro de não ficção mordaz. Já no Skoob, há milhares de leitores acompanhando e dezenas de resenhas. Isso não é buzz vazio; é conversa de bar, mesa de jantar e reunião de trabalho. 📈
Nos depoimentos, pipocam elogios à mistura de "fofoca, informação, reflexão, crítica e humor" - o leitor sente que está rindo e aprendendo ao mesmo tempo. Outros enxergam "aula" sobre desigualdade, códigos e privilégios. Também surgem leituras de viés social: textos que celebram o desmonte do mito da meritocracia e a leitura racializada do privilégio. Tudo isso temperado por resumos em vídeo, podcasts e discussões digitais que não param de nascer. 🎥🗣
O soco no estômago: ninguém se assume rico
A cena é esta: o país inteiro mira "o outro" para localizar a riqueza. O gráfico é implacável: hoje, ninguém se disse rico; "daqui a cinco anos", uma fatia se imagina lá. Essa dança de negação e desejo sustenta o teatro da distinção. O livro te obriga a enxergar o truque - e a reconhecer quando você também entra no jogo, por inveja, medo ou puro automatismo. É feio? É humano. E é por isso que dói. ⚡️
Vale a travessia?
Se você quer entender por que uma bolsa muda um convite, por que um sobrenome abre portas invisíveis, por que uma casa "fala" antes do dono abrir a boca - mergulhe. Coisa de Rico não é manual de etiqueta; é mapa de poder. Você vai rir alto e, no minuto seguinte, engolir seco. Vai achar tudo exagero - até lembrar de um jantar, um elevador, um currículo com "aquele" colégio. A palavra que fica? Desmascaramento. E isso vicia. 😉
No fim, Alcoforado acende a luz de neon: aqui, riqueza é linguagem. Quem não fala, some. Quem aprende, governa. E quem lê, se vacina contra o truque. Se prepare: depois dessas páginas, é impossível entrar num shopping, abrir o Instagram ou passar por uma portaria sem ouvir o sussurro das coisas - coisas que se tornam pessoas, pessoas que viram coisas. É lindo, é ridículo, é brutal. E é o Brasil de hoje. 💥🕰
Observação de contexto: o livro virou fenômeno comercial (mais de 10 mil exemplares num mês, com novas tiragens), e as entrevistas do autor multiplicam os bastidores dessa imersão - da "pena de rico" às regras não escritas das rodas de cima. Ouça, compare, e tire sua própria radiografia. 💬
📖 Coisa de rico: A vida dos endinheirados brasileiros
✍ by Michel Alcoforado
🧾 250 páginas
2025