Coisas que os homens não entendem
Elvira Vigna
RESENHA

Coisas que os homens não entendem não é apenas um título instigante; é um convite a descortinar os labirintos da mente feminina e as armadilhas da compreensão entre os gêneros. Elvira Vigna mergulha de cabeça em um universo repleto de nuances, desnudando preconceitos e revelando verdades atemporais. Neste livro, deslizamos por relações tumultuadas, fragmentos de humanidade e desconfortos que ecoam nas conversas cotidianas, tornando-se um retrato sincero das complexidades do ser humano.
Ao longo das páginas, cada capítulo é uma janela que se abre para o íntimo das personagens, e as situações absurdas misturam-se a um humor corrosivo que obriga o leitor a refletir. Vigna não hesita em mostrar a fragilidade das interações, oferecendo um espelho que reflete a insensibilidade e as surpresas que ambos os sexos enfrentam nas relações amorosas. O uso de diálogos afiados e observações perspicazes nos faz rir e, ao mesmo tempo, nos faz sentir aquele aperto no peito que só a verdade é capaz de proporcionar.
Através de suas palavras, a autora nos leva a um passeio inusitado pelo feminino. As mulheres, em sua narrativa, gritam por liberdade em meio ao ruído das expectativas sociais. A obra transborda um espírito de resistência, onde a busca pelo entendimento se mistura a frustrações e anseios. Os homens, um tanto perdidos em suas próprias confusões, desempenham um papel curioso nesta dança do não-entender. O que eles não compreendem é exatamente o que faz o livro ressoar: o abismo que separa as perspectivas das duas almas.
Os leitores, ao se depararem com a obra, encontram diversas opiniões. Alguns a consideram uma obra-prima do realismo, enquanto outros a apontam como desafiadora e até desconfortável. As vozes críticas têm se multiplicado, exaltando a capacidade de Vigna em tocar em feridas abertas, mas também questionando sua candência nas relações expostas. É impossível não se perguntar: até que ponto a dificuldade de comunicação entre os gêneros é construída socialmente e não uma condição inerente?
O contexto em que Coisas que os homens não entendem foi escrito, em 2002, reflete um Brasil em transição, onde as discussões sobre gênero e sexualidade começavam a ganhar força. Elvira Vigna, uma artista que transita por várias formas de arte, encontrou espaço para trazer à luz esses debates, um antecedente em uma sociedade que ainda patina em ações efetivas de mudança. Nesse sentido, a obra não é apenas uma leitura, mas um grito que ainda ressoa pela atualidade, fazendo com que nos perguntemos: o que mudou desde então?
Por mais que a crítica apóie a obra, algo a intriga: conseguimos avançar em nossa capacidade de ouvir as vozes uns dos outros? O que você, leitor, vai escolher a partir daqui? Vigna não tem as respostas, e isso faz dela uma sábia contadora de histórias. Te convido a se perder nas páginas desse livro e emergir em um mar de reflexões que só a literatura é capaz de proporcionar. Sem dúvida, a leitura de Coisas que os homens não entendem pode ser um divisor de águas na maneira como se percebe o outro. É a chance de expandir horizontes e, quem sabe, dar um passo rumo ao entendimento verdadeiro em um mundo ainda tão carente dele.
📖 Coisas que os homens não entendem
✍ by Elvira Vigna
🧾 160 páginas
2002
#coisas #homens #entendem #elvira #vigna #ElviraVigna