Comédias (1833-1847) - Box com 3 volumes
Vilma Arêas; Martins Pena
RESENHA

Em meio à efervescência do Brasil do século XIX, Comédias (1833-1847) surge como uma verdadeira joia que reflete a sociedade em seu ritmo frenético de transformações. Esta caixa poética, reunindo a genialidade de Martins Pena - o francês naturalizado brasileiro que se aventurou nas artimanhas do teatro - e a curadoria de Vilma Arêas, é um convite irresistível para mergulhar em um universo de risos e críticas mordazes.
As comédias de Martins Pena são um espelho da cultura e dos costumes do seu tempo, impregnadas de um humor astuto que vai muito além da superfície das palavras. Ao abrir as páginas deste box, não se trata apenas de leitura; é um desfile de personagens extravagantes e situações absurdas que farão seu coração pulsar. Os dilemas da elite, as artimanhas do povo e a hipocrisia dos costumes são costurados com maestria e ironia, despertando no espectador uma reflexão aguda sobre a realidade que o cerca. É impossível não sentir o pulsar da sociedade refletido no toque cômico do autor.
Vilma Arêas, ao compilar essas obras, faz mais do que editar: ela revive e recontextualiza a obra de Pena, trazendo à tona questões ainda pertinentes em nossos dias. O olhar crítico e divertido da autora e do dramaturgo é um convite à reflexão. Os leitores contemporâneos não se afastam das provocações do passado - a riso e a lágrima caminham juntas na dança das opiniões.
A recepção de Comédias é diversa e provocativa. Críticos fazem coro com as vozes dissonantes de leitores que aplaudem a habilidade de Martins Pena em saltar entre o galhofa e o sério. Contudo, há também quem critique a superficialidade percebida em algumas de suas construções dramáticas. Mas, ah, o poder do riso! Ele é capaz de desarmar os ânimos e, por vezes, despertar um genuíno desejo de mudança.
Nas páginas destas comédias, o leitor não é apenas espectador de piadas prontas, mas sim um coadjuvante na crítica social. Rir de si mesmo e da sociedade é um ato de coragem, e Martins Pena sabe exatamente como suscitar essa bravura. Ao refletir sobre a alienação e o desejo de ascensão social, ele provoca uma catarse, ligando antigas questões à modernidade.
Se a obra é um convite a explorar os costumes de uma época, também é um alerta: devemos estar atentos ao que a sociedade revela em suas risadas e tragédias. Em cada linha, em cada diálogo, há um pedido sutil para que não nos deixemos levar pela superficialidade. A arte, aqui, transcende a mera expressão cômica para se tornar um ato de resistência.
Então, ao encerrar a leitura de Comédias, você sentirá o eco de risadas ancestrais e a urgência de um despertar. Suas páginas não contêm apenas palavras; elas oferecem uma experiência sensorial, uma brisa leve que instantaneamente transporta você às vielas do Brasil do século XIX, ainda tão repletas de ecos contemporâneos. Burlar a história em uma tarde de risadas é não apenas um privilégio; é um imperativo para quem busca a verdadeira essência da condição humana. Transforme essa leitura em um ritual e mergulhe nela - você não vai se arrepender!
📖 Comédias (1833-1847) - Box com 3 volumes
✍ by Vilma Arêas; Martins Pena
🧾 1370 páginas
2006
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