Dom Casmurro
Machado de Assis
RESENHA

Dom Casmurro, uma das obras-primas de Machado de Assis, não é apenas um romance; é uma ferramenta poderosa de introspecção que te obriga a encarar os fantasmas da dúvida e da traição. Neste livro, você não apenas lê, mas sente a pulsação do Rio de Janeiro do século XIX, com suas ruas de paralelepípedos e a opressão de uma sociedade marcada por normas rígidas e julgamentos implacáveis.
A história gira em torno de Bentinho, um homem atormentado pela insegurança e ciúmes, que se vê em um labirinto de memórias, buscando entender seu amor por Capitu e a traição que o assombra. Cada frase escrita por Assis é como uma lâmina afiada, cortando diretamente os ideais românticos e colocando em xeque a moralidade do amor. Capitu, com seus olhos "de ressaca", torna-se um símbolo da ambiguidade, uma figura que gera amor e desconfiança ao mesmo tempo.
Machado, com seu estilo mordaz e introspectivo, exige que você, leitor, questione: até onde vai a imaginação? Até que ponto suas inseguranças podem distorcer a realidade? Bendito seja o autor que não se preocupa em dar respostas fáceis, mas sim em instigar uma reflexão profunda, como uma conversa entre velhos amigos que se conhecem bem, mas ainda assim, nos surpreendem com verdades incômodas.
Os leitores debatem apaixonadamente a obra. Alguns veem Bentinho como um herói trágico, enquanto outros o consideram o próprio vilão, um homem consumido pela própria mente. Já Capitu é tratada com reverência por uns e com repúdio por outros, gerando polêmicas que atravessam gerações. Essa controvérsia faz de Dom Casmurro um livro atemporal, uma peça de discussão que transcende o mero ato da leitura.
Situado em um Brasil em transição, a obra também reflete a hipocrisia da elite carioca, que se esforça para manter aparências enquanto seus próprios segredos podres se acumulam embaixo do tapete. É quase um espelho distorcido da sociedade mexicana de hoje, onde a confiança é escassa e a traição está sempre à espreita.
Os ecos de Assis reverberam através do tempo. Influenciou não só escritores, mas toda uma geração de pensadores que buscam a verdade em meio às incertezas da vida. Dom Casmurro, portanto, não é um simples relato de ciúmes e desconfiança; é um convite para uma jornada interior, onde a exploração do eu se torna mais relevante do que a história em si.
Se você ainda não mergulhou nas páginas desse clássico, está apenas arranhando a superfície da literatura. Cada leitura revela novos matizes, novas camadas que, como a própria realidade, são complexas e multifacetadas. E assim, ao final, você se perguntará: quem traiu quem? Ou será que, no fundo, somos todos traidores de nossas próprias verdades? 🌀
📖 Dom Casmurro
✍ by Machado de Assis
🧾 400 páginas
2016
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