Ernestine ou o nascimento do amor
Stendhal
RESENHA

Ernestine ou o nascimento do amor é um convite fascinante para desbravar as intricadas emoções do coração humano. Neste conto, Stendhal, o mestre do romantismo, revela-se um cartógrafo das paixões, transformando a história de uma jovem em uma verdadeira epifania sobre o amor em sua essência mais pura e muitas vezes dolorosa.
Ernestine vive um dilema que ecoa por toda a história da literatura: o desejo e a razão, e as consequências que eles trazem. A narrativa nos coloca frente a frente com a vulnerabilidade e a força que o amor pode evocar. Ao longo das páginas, Stendhal nos conduz por um labirinto emocional - um mês de intensa descoberta e repleta de instantes de desamparo e euforia que fazem qualquer leitor pulsar em sintonia com os anseios da protagonista.
Stendhal, um amante das artes e defensor do racionalismo, apresenta a sua obra como um microcosmo das relações humanas do século XIX, carregadas de moralismo e normas sociais que limitam a liberdade individual. O autor, que compreendeu que o amor é tanto uma benção quanto uma maldição, expressa tudo isso através de diálogos refinados e descrições que quase fazem o leitor sentir o frescor do primeiro amor ou o amargo do amor perdido.
A obra não passou despercebida entre os leitores contemporâneos, que ficaram divididos em seus comentários. Alguns exaltam a profundidade da análise psicológica de Stendhal, afirmando que ele captura o turbilhão emocional de forma magistral. Outros, porém, consideram a obra excessivamente romântica ou até mesmo ingênua em suas abordagens. A crítica mais feroz surge ao se comparar seu estilo com as criações mais incisivas de contemporâneos como Balzac ou Flaubert. No entanto, é nessa polaridade que reside o charme de Ernestine: a habilidade do autor em provocar reações emocionais intensas, mesmo que conflituosas.
A obra nos remete ainda a um contexto mais amplo, onde o amor é uma força motriz nas revoluções pessoais e sociais. Stendhal não apenas escreveu um conto sobre uma jovem em busca de amor, mas também se ocupou em refletir sobre como o amor pode moldar identidades e, em última análise, a própria sociedade. O autor faz do ato de amar um ato de liberdade, um grito contra as amarras impostas pela moralidade da época.
Se há algo que Ernestine ou o nascimento do amor nos ensina, é que amar é, acima de tudo, um ato de coragem. É uma busca por autenticidade em meio a um mundo que frequentemente nos encoraja a nos esconder. Stendhal nos seduz a olhar para dentro de nós mesmos, explorar nossas emoções, e talvez até encorajar um confronto com o que somos - e o que gostaríamos de ser.
Ao mergulhar neste pequeno, mas poderoso relato, você não apenas observará as mazelas da paixão, mas também confrontará seus próprios demônios. E, ao longo dessa jornada, o amor - com todas as suas complexidades - se tornará uma experiência palpável, quase visceral, na sua mente e no seu coração. Está pronto para sentir tudo isso? 💔✨️
📖 Ernestine ou o nascimento do amor
✍ by Stendhal
🧾 136 páginas
2010
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