Manon Lescaut Abbé Aprévost
Roger Mathé
RESENHA

Manon Lescaut, obra icônica escrita por Abbé Prévost, não é apenas uma narrativa; é uma torrente emocional que explora os profundos abismos do amor e da desilusão. O protagonista, Des Grieux, se lança com fervor à paixão por Manon, uma jovem cuja beleza e carisma cativam todos ao seu redor. Porém, essa história, situada no século XVIII, transcende a estética romântica, mergulhando nas complexidades das relações humanas e das consequências de um amor avassalador.
A obra é um espelho, refletindo as fraquezas e virtudes da natureza humana. Prévost não poupa o leitor, revelando as intricadas relações entre desejo, traição e a busca incessante por um ideal de felicidade que, ao final, se mostra uma miragem. O ardor da paixão entre Des Grieux e Manon provoca sentimentos de alegria e dor, em um ciclo quase masoquista que leva o casal a uma queda dramática e inevitável. O amor, apresentado aqui, é simultaneamente sublime e destrutivo, criando uma narrativa que fere como um beijo e acende como uma chama.
No contexto da França do século XVIII, a obra é também uma crônica social. O autor tece críticas à sociedade aristocrática, pautando a hipocrisia de uma época em que o amor e o desejo eram frequentemente subjugados pelo status e dinheiro. Os leitores contemporâneos se encontram às voltas com a pergunta: até onde você iria por amor? Manon Lescaut ativa um espírito rebelde em cada página, ao mesmo tempo que provoca reflexões sobre até que ponto as pessoas se dispõem a sucumbir às flutuações - e exigências - sociais.
Críticos abordam a obra com reações conflituosas; alguns a veem como um desvio dos valores morais, enquanto outros veneram sua profundidade emocional e a coragem de expor as vulnerabilidades humanas. Comentários de leitores revelam que muitos se sentiram tocados pela tragédia de Manon e Des Grieux, com seu dilema e suas escolhas que ecoam através das gerações. O dilema do amor versus responsabilidade ressoa forte, levando à uma empatia que transcende épocas.
A escrita de Prévost é iluminada por uma prosa ricamente detalhada, que não apenas constrói cenários vívidos, mas também desfila pela psique de seus personagens, tornando-os mais do que apenas figuras literárias; eles se tornam espelhos de nós mesmos. Ao folhear as páginas de Manon Lescaut, você se vê entrelaçado na teia de uma história que exige mais do que lealdade ou compromisso. Ela clama por entrega total, e muitas vezes, essa entrega pode se mostrar traiçoeira.
Des Grieux e Manon são figuras que podem ser consideradas precoces ícones do romantismo, moldando não apenas a literatura, mas também a maneira como percebemos o amor até os dias de hoje. Suas vidas se transformaram em referência para muitos artistas e escritores, influenciando obras posteriores e moldando a forma como o amor é retratado no campo da literatura e romance.
Ao final, Manon Lescaut não é só uma leitura; é uma experiência. Para aqueles que se atrevem a mergulhar nessa narrativa, a recompensa é sublime - um passeio pelas emoções mais cruas e verdadeiras do ser humano que, ao mesmo tempo, ilumina e ofusca. Não perca a oportunidade de descobrir até onde o amor pode levar. 🖤
📖 Manon Lescaut Abbé Aprévost
✍ by Roger Mathé
1970
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