Mula sem cabeça
Ieska Tubaldini Labão
RESENHA

Quando você se depara com Mula sem cabeça, de Ieska Tubaldini Labão, é como se um véu se levantasse sobre a rica tapeçaria do folclore brasileiro. Este não é apenas um conto; é uma porta de entrada para um mundo onde a tradição e a imaginação dançam em uma coreografia mágica. Com apenas algumas páginas, a autora faz um convite irresistível para adentrar a essência mítica do nosso país, repleta de seres encantados e lendas que persistem nas memórias coletivas.
A história, mesmo breve, estende tentáculos que cativam e inquietam. A mula, símbolo de rixas e amores não correspondidos, emerge das sombras do passado, trazendo consigo a fúria e a dor de uma traição. Tubaldini Labão não se contenta em apenas contar uma história; ela provoca um verdadeiro mergulho na psique humana, onde as emoções são tão palpáveis que parecem dançar ao nosso redor, tal qual as chamas de uma fogueira em uma noite de festa junina. O medo e a tristeza transitam na mesma velocidade que a beleza desta lenda.
Os comentários dos leitores revelam reações diversas. Muitos destacam a habilidade de Labão em evocar o cosmo brasileiro, enquanto outros criticam a brevidade da narrativa, desejando que o universo criado pudesse se expandir em páginas a mais. Mas essa polarização só demonstra a força da obra, que arrebata corações e desafia a percepção do que é uma boa história. Afinal, a força do folclore está na sua capacidade de dialogar com cada um de nós de maneira única.
Mula sem cabeça também faz um passeio por temas mais profundos como o amor e a traição, desenhando um perfil de protagonistas que, embora enredados em mitos, carregam consigo a humanidade mais crua. O estado emocional da mula, eterno símbolo de sofrimento, ressoa com aqueles momentos em que nos sentimos traídos pelas pessoas que mais amamos. Uma reflexão que, por mais dolorosa que seja, nos coloca em sintonia com nossa própria vulnerabilidade.
Se você ainda não se deixou tocar por essa lenda viva, corra para descobrir o que é ser parte dessa herança cultural vibrante e pulsante. Ao abrir as páginas de Mula sem cabeça, você não apenas lê, mas vive a intensidade de um folclore que não sabe o que é ser esquecido. O passado ressurge, e com ele, a reflexão sobre o papel de cada um de nós na construção das próprias histórias que contamos. E se a mula aparecer, olhe bem nos olhos dela; pode ser que você encontre ecos das suas próprias dores e alegrias.
📖 Mula sem cabeça
✍ by Ieska Tubaldini Labão
🧾 12 páginas
2021
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