O elogio do ócio e outros ensaios
Robert Louis Stevenson
RESENHA

Você lembra da última vez que você se permitiu não fazer nada? Longe da agitação implacável das redes sociais, das notificações incessantes e da - acredite se quiser - obcecação pelo "ser produtivo"? Cada suspiro desse frenesi moderno é desafiado pelo provocante "O elogio do ócio e outros ensaios" de Robert Louis Stevenson. Um tratado cujo sabor é tanto um refúgio para a mente quanto uma granada atirada ao seu insaciável apetite pela eficiência.
O autor, conhecido mundialmente por clássicos como "A Ilha do Tesouro" e "O Médico e o Monstro", permite que suas palavras fluam como um banho de brilho celestial. Stevenson desafia o status quo, nos remete a uma época onde criticar o modelo febril de trabalho incessante era quase uma heresia. E o faz com o requinte de um artista do século XIX, em formas e palavras que atravessam a alma como um afiado bisturi.
Stevenson, em um rasgante sopro de lucidez, te leva pela mão a repensar este culto moderno ao ocupado. E ao longo das 112 páginas, ele não te inocula apenas com palavras, mas revela um espelho perturbador de busca incessante pela utilidade; tornando-se um precursor heroico do mindfulness. A radical suposição do autor é um chamado enfático: o ócio não é inimigo. Ele é, talvez, a mais sincera evocação da genialidade e da liberdade do ser.
Para além do título principal, os outros ensaios presentes na coletânea transbordam reflexões incômodas sobre temas como aprendizado, sonhos e amizade. Stevenson é aquele grito na noite silenciosa, aquele pensamento que insiste em vagar pelo labirinto do seu cérebro: como viver de forma autêntica num mundo que te impõe o artificial e o imperativo de estar sempre ativo?
Os relatos dos leitores, sufocados pela modernidade líquida de Zygmunt Bauman, são unânimes: este ensaio os tirou de um transe. A sensação de libertação é devastadora, e a culpa, quando confessada, soa cómica. "Devíamos ter coragem de descansar, ao invés de seguir um padrão estressante - como alertou Stevenson - permitimos que o nosso psiquismo jorre genuinidade".
Seus ensaios desafiam os comuns anseios e despertam aquela necessidade presa no fundo do peito de encontrar o que realmente importa. Cada linha é um soco bem dado na pressa que governa nossos dias, e uma canção melancólica serpenteando na lembrança de quem não se descentraliza de si mesmo num tempo de vertiginoso malabarismo.
Prepare-se (mesmo não usando essas palavras minha vez anterior) para sentir raiva, solidariedade e uma avassaladora vontade de rir das suas antigas inquietações. Há em Stevenson uma dualidade incontornável de elegância poética e teme incômodo desastre.
A inquietação digital de hoje encontra em "O elogio do ócio e outros ensaios" uma alquimia transformadora onde a pausa não é perda, mas sim um reencontro com o próprio eu não adestrado. Então, destemidamente, abra esse livro e permita-se mergulhar - não se iluda, você sairá dele diferente, potente e insubmisso às amarras invisíveis da contemporaneidade.
🔹atravessar linhas de reverência pura e sincera, cautelosamente elaboradas para tocar o inalcançável.🔹 Transformará sua visão, influenciará o inescapável e criará uma colisão emocionante entre o agora e a eternidade numa dança febril e sublime.
📖 O elogio do ócio e outros ensaios
✍ by Robert Louis Stevenson
🧾 112 páginas
2021
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