Políticas de Riobaldo
A justiça jagunça e suas máquinas de guerra
Renan Porto
RESENHA

Políticas de Riobaldo: A justiça jagunça e suas máquinas de guerra, de Renan Porto, é uma obra que não apenas tece uma narrativa sobre as intricadas relações de poder no sertão, mas também provoca uma profunda reflexão sobre a natureza da justiça e da violência no Brasil. O autor, mergulhando no universo dos jagunços, não se limita a contar histórias - ele expõe as entranhas de um sistema que é, ao mesmo tempo, fascinante e aterrador.
Ao abrir as páginas deste livro, você é imediatamente transportado para um ambiente vibrante, onde a figura do jagunço não é apenas um personagem folclórico, mas um símbolo vivo de uma luta existencial. Porto nos mostra como a "justiça jagunça" se entrelaça com a cultura e as práticas sociais deste Brasil arcaico e contemporâneo, onde as máquinas de guerra são não apenas armas, mas também metáforas da opressão e da resistência. Cada capítulo, uma investida impiedosa na estrutura social e nos códigos morais que regem esses combatentes solitários.
Os comentários de leitores ressaltam a forma como Porto conseguiu articular temas difíceis de maneira acessível e impactante. Algumas vozes críticos apontam que a obra pode ser densa, mas, mesmo assim, essa densidade se transforma em um convite para a reflexão. Afinal, ao se deparar com a brutalidade e ao mesmo tempo com a complexidade do fenômeno jagunço, o leitor é instigado a questionar: até que ponto a violência é uma resposta legítima a um sistema injusto? Até que ponto a história é repetida em ciclos intermináveis?
É impossível não sentir a indignação e a compaixão enquanto se navega por essas narrativas recheadas de dor e resistência. Porto não economiza em detalhes, revelando como as máquinas de guerra, as vidas dos jagunços e as utopias perdidas se conectam em um mosaico de fatores históricos e sociopolíticos. Esse é o poder que "Políticas de Riobaldo" exerce sobre o leitor: ele não está apenas assistindo a uma história, mas fazendo parte dela, sendo confrontado com seus próprios preconceitos e entendimentos sobre a justiça.
A obra, embora centrada no contexto específico do sertão, é uma alegoria universal sobre as lutas de classes e a busca por reconhecimento. É a lembrança de que nossa sociedade também é uma máquina de guerra, onde a luta por justiça pode ter tantas faces quanto as de seus protagonistas. Portanto, ao fechar o livro, você não se despede de Riobaldo e de suas lutas. Você é deixado com uma inquietude, uma urgência de saber mais e refletir sobre o papel de cada um de nós nesta trama maior.
Renan Porto nos brinda com uma leitura que arrebata e provoca - e enquanto você lê, perceba que cada passo dado pelos jagunços ecoa na nossa realidade, e cada instante de sua história é um reflexo e uma crítica ao nosso Brasil contemporâneo. Não se permita ficar de fora dessa profunda e necessária análise, capaz de transformar sua visão sobre justiça e sobre o ser humano em um sistema que muitas vezes falha em proteger.
📖 Políticas de Riobaldo: A justiça jagunça e suas máquinas de guerra
✍ by Renan Porto
🧾 151 páginas
2021
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