Só!
Machado de Assis
RESENHA

O impacto do Só! de Machado de Assis reverbera como um eco sedutor nos corações dos apaixonados pela literatura clássica. Este trabalho, que encapsula a genialidade do mestre, é uma viagem ao mais profundo da alma humana, um convite a refletir sobre a complexidade da solidão e a interconexão entre os indivíduos.
O autor, um dos pilares da literatura brasileira, utiliza neste conto um estilo que transita entre o irônico e o trágico. É impossível não se sentir tocado pela forma como ele revela as fragilidades do ser humano. Em apenas algumas páginas, Machado nos arrebata e nos coloca frente a frente com o temor da solidão, uma realidade angustiante que todos enfrentamos em algum momento da vida.
Ao longo da narrativa, a sutileza com que ele constrói diálogos e situações é de fazer chorar. Você percebe que a solidão não é apenas a ausência de companhia, mas também um estado de espírito imerso em introspecção e reflexão. Cada personagem reflete uma faceta da condição humana, revelando suas ansiedades e medos. Essa busca pela conexão e a luta para se sentir parte do todo são questões universais que ecoam através das gerações.
Os leitores, ao longo do tempo, têm se manifestado sobre a profundidade deste conto. Críticas diversas surgem; alguns enaltecem a habilidade de Machado em desnudar a alma humana, enquanto outros apontam uma certa obscuridade em suas reflexões. No entanto, é esse embate de opiniões que faz da obra um verdadeiro classicão. Os mais céticos acusam de falta de enredo, mas quem lê sente a intensidade das emoções em cada vírgula.
O pano de fundo histórico de Só! é, sem dúvida, um reflexo do Brasil do século XIX, onde as tensões sociais e a busca pela identidade nacional ferviam. Neste contexto, a obra surge como um grito de alerta sobre a alienação do indivíduo em uma sociedade em transformação. O leitor do século XXI deve, portanto, se submeter à leitura não apenas como um exercício literário, mas como uma experiência visceral que provoca mudanças na maneira de pensar e sentir.
Ao abordar a solidão, Só! também nos convida a considerar a solidariedade e a empatia, elementos quase esquecidos em tempos de individualismo exacerbado. Em tempos obscuros como os que vivemos, o chamado à reflexão acerca de nossas conexões humanas torna-se cada vez mais relevante. Machado de Assis, como um alquimista das palavras, transforma a dor da solidão em um elixir de esperança, mostrando que, mesmo nas trevas mais densas, há espaço para o amor e a compreensão.
Portanto, ao se deparar com Só!, não o encare apenas como um conto, mas como um espelho que reflete suas próprias emoções, seus medos e sua busca por pertencimento. A obra do grande Machado não é uma leitura qualquer; é a chave para desbloquear as cerraduras da sua própria existência. E, ao fechar o livro, você perceberá que fica um gosto agridoce, um atestado de que, mesmo só, você nunca estará sozinho.
📖 Só!
✍ by Machado de Assis
2012
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