Um Almoço
Machado de Assis
RESENHA

O conto Um Almoço, de Machado de Assis, desliza suavemente pela tela de nossas mentes, como se estivéssemos diante de uma mesa de jantar, onde o banquete das conversas e as nuances sociais se entrelaçam, revelando as sutilezas da natureza humana. Cada garfada, cada gole de vinho metafórico, nos leva a uma reflexão mais profunda sobre a ambição, a hipocrisia e o intricado tecido das relações sociais do século XIX.
Através de uma narrativa elegante e irônica, Machado nos transporta para um encontro onde o protagonista, um homem de interesses mundanos, se vê imerso em um diálogo espinhoso com suas referências, entre elas a figura de uma mulher astuta e intrigante. Essa atmosfera tensa e carregada de significados nos faz sentir como se estivéssemos à mesa, ouvindo as provocações sussurradas que influenciam o desenrolar da história e nossos próprios preconceitos.
Machado, mestre da psicologia humana, explode cada interação com um brilho opaco: a sutileza do olhar, as palavras não ditas. O leitor é convidado a enxergar não apenas um simples almoço, mas um jogo de xadrez onde cada peça é crucial. Na mentalidade do autor, nada é gratuito, e as motivações estão sempre escondidas sob camadas de educação, etiqueta e, por que não, amor-próprio.
Essa obra é um espelho que reflete as inquietações de seu tempo, preenchendo a nossa imaginação com cenários que falam da eterna busca por status e aprovação. O próprio almoço torna-se uma metáfora para nossa luta diária em um mundo onde a aparência reina suprema, e o que realmente importa muitas vezes é soterrado sob o peso do que os outros pensam.
Nos comentários e reflexões de leitores, ecoam os sentimentos de admiração e polêmica. Alguns veem Um Almoço como uma crítica mordaz à sociedade, enquanto outros percebem uma certa nostalgia nas páginas que se desenrolam. Há aqueles que se deparam com a ironia crua do autor, e se indagam: até onde estamos dispostos a ir em busca de aceitação? Essa indagação, presente e perturbadora, continua ressoando, fazendo-nos questionar a nossa própria realidade.
Em meio à sarcástica celebração do cotidiano, a obra nos obriga a encarar verdades desconfortáveis sobre nós mesmos. Por que deixamos que a aparência nos molde? O que podemos aprender com o desfecho desse banquete de convenções sociais? Cada um de nós pode se deparar com um espelho nas páginas de Machado, um convite à introspecção intensa e poderosa.
Assim, ao deixarmos a mesa, carregamos não apenas o sabor das palavras na mente, mas a urgência de uma mudança: a certeza de que, embora façamos parte dessa dança social, temos o poder de nos desvincular das correntes da superficialidade. Isso é, sem dúvida, uma das maiores contribuições de Machado de Assis. Ele não apenas nos mergulha na experiência de um simples almoço, mas promete uma transformação de mentalidade que ecoa por gerações, fazendo de Um Almoço uma obra eternamente relevante. 🍷✨️
📖 Um Almoço
✍ by Machado de Assis
2012
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