Varejeira
Entre Moscas e Carne Podre
Rodrigo Petrillo
RESENHA

A vida, em sua crueza, é um espetáculo repleto de nuances e contrastes, onde o belo e o grotesco coexistem em harmonia inquietante. Varejeira: Entre Moscas e Carne Podre de Rodrigo Petrillo é um convite a mergulhar no abismo das contradições humanas e sociais. Aqui, não se trata apenas de ler uma obra. Trata-se de sentir cada imagem, cada metáfora que revela a fragilidade da carne e a inevitabilidade da decomposição - não só do corpo, mas também das ideias que sustentam nossas vidas.
Rodrigo Petrillo não se intimida ao abordar temas espinhosos. Ele desnuda a realidade com uma prosa visceral, instigando uma reflexão profunda sobre o que somos e o que deixamos para trás. O enredo se desenrola com a intensidade de um filme de terror psicológico, onde o medo não se apresenta como um susto, mas como uma constante sombra que paira sobre as escolhas feitas, sobre os amores perdidos e sobre o desmantelamento da moralidade. A presença da "varejeira" é mais do que metafórica: ela é o símbolo das verdades que desprezamos em nosso cotidiano, os pedaços de carne que insistimos em ignorar até que comecem a apodrecer.
A recepção da obra, por parte dos leitores, revela uma mistura de fascínio e repulsa. Alguns exaltam a capacidade do autor de transformar a prosa em um panfleto contra a hipocrisia da sociedade contemporânea, enquanto outros criticam sua abordagem muitas vezes crua e direta. É um divisor de águas - um convite de Petrillo a não apenas ler, mas a questionar. A polêmica é um teste que poucos autores conseguem passar, e aqui, o autor se destaca como um verdadeiro provocador.
Não se esqueça do contexto cultural no qual a obra foi escrita, um Brasil em crise, dilacerado por escândalos políticos e sociais, onde a carne podre é uma metáfora não apenas do corpo humano, mas também da desintegração do que acreditamos ser a sociedade. Esse pano de fundo amplifica a urgência da narrativa, empurrando o leitor a se deparar com suas próprias verdades.
Cada página é um soco no estômago. Cada parágrafo traz à tona a visceralidade de um mundo que finge estar tudo bem, mas que, na sombra, apodrece. A forma como Petrillo entrelaça esta ideia com suas experiências pessoais e a complexa tapeçaria social brasileira o transforma em um poeta da decomposição. Os leitores se veem, assim, deslocados entre a curiosidade e a repulsa, algo que nunca se esquece e que, de certo modo, os obriga a refletir sobre seu próprio papel nesse grande teatro da vida.
Ao final, Varejeira: Entre Moscas e Carne Podre é uma obra que pode te fazer rir assustadoramente ou chorar com a tragédia da existência. O que você escolher sentir ao lê-la, depende de você. Mas uma coisa é certa: não há como sair ileso dessa jornada instigante. E você, caro leitor, está pronto para encarar a verdade que a decomposição da carne pode ensinar? 🍃
📖 Varejeira: Entre Moscas e Carne Podre
✍ by Rodrigo Petrillo
🧾 169 páginas
2021
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