Viver
Yu Hua
RESENHA

Viver, de Yu Hua, é um daqueles livros que não simplesmente te convidam a ler; eles te sequestram. Em suas páginas, você se encontra diante de uma odisseia emocional que atravessa o tempo e a dor, uma travessia pela vida e a morte, a felicidade e o sofrimento. O protagonista, Fugui, inicia sua trajetória como um jovem irresponsável em uma China marcada pela revolução e pela transformação.
A história nos empurra para um abismo profundo. Fugui perde tudo o que tem e tudo o que ama. Ele passa de um playboy a um homem em busca da sobrevivência. Assim, o autor - com uma maestria visceral - joga na sua cara a realidade caótica e cruel da existência, desnudando a fragilidade da condição humana. Cada perda é um soco no estômago, cada escolha um eco de arrependimento. Você se vê torcendo por ele, mergulhando nas suas dores, como se fossem suas também.
Ao longo da narrativa, Yu Hua não apenas relata a trajetória de Fugui. Ele constrói uma rica tapeçaria da sociedade chinesa, entrelaçando elementos de sua história com questões universais. A luta pelo sustento, as relações familiares, a perseverança diante das adversidades. Viver é prática e teoria, é dor e alegria, é uma reflexão sobre o que realmente significa "viver". E você, leitor, deve se perguntar: o que é a vida se não uma série de aventuras, muitas vezes trágicas, que nos moldam?
As críticas sobre a obra são intensas. Muitos leitores se sentiram tocados pela narrativa pungente, enquanto outros questionaram a abordagem de Yu Hua à fatalidade. Alguns acham que o autor exagera em suas desgraças, mas seria possível viver sem elas? A vida é um turbilhão de surpresas desagradáveis, e a forma como Fugui enfrenta cada desgraça te obriga a refletir sobre sua própria trajetória.
Yu Hua, um verdadeiro filho da revolução cultural chinesa, soube captar o zeitgeist de seu país ao se destacar como um dos mais influentes romancistas contemporâneos. O pano de fundo histórico de sua obra faz você se sentir como um espectador de uma peça que retrata a brutalidade do tempo. No entanto, ao mesmo tempo que somos atraídos pela história trágica, também somos forçados a experimentar uma espécie de libertação. Fugui torna-se um símbolo da resistência, um lembrete de que, apesar das lutas, a esperança deve persistir.
Assim, ao finalizar Viver, você não sairá impune. A dor, a tristeza e a resiliência de Fugui o seguirão como sombras, instigando questões sobre a sua própria vida. E, em um momento de reflexão, você perceberá: a vida é muito mais do que existir; é sobre viver com intenção, mesmo quando todas as probabilidades estão contra você. Prepare-se para ser impactado e, ao final, talvez você encontre em Fugui um doppelgänger, um eco da sua própria existência nestes tempos incertos.
📖 Viver
✍ by Yu Hua
🧾 216 páginas
2008
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